terça-feira, 18 de novembro de 2014

A arte de um amor cagado


Encontrei esse texto em um daqueles links do Facebook, esse foi o site que encontrei: http://www.revistacatwalk.com.br/a-arte-de-um-amor-cagado/. A autora chama Ana Albanez, e ela tem outros textos que vocês podem encontrar aqui. Não conheço a autora, não sei nada de seus trabalhos, mas gosto de postar no blog textos que eu acho legais. Aqueles que a gente se encontra em alguma linha. Esse foi um desses. Espero que vocês gostem.
Não foram poucos, foram vários, muitos deles, uma incrível capacidade de se render ao belo ou a belas palavras ditas num sussurro no ouvido. Ou seria atração pelo bom perfume, ou pela camisa que não era tão de playboy, mas também não era do dorme sujo? Ou por uma coletânea de musicas de um CD gravado? Ou por um olhar um pouco mais impactante no meio da multidão ou um sorriso de carência? Não sei, ela nunca saberá. Ela só sabe que seus amores sempre são cagados.
Todos tiveram começo, um belo começo, frio na barriga, arrepio na espinha, um beijo de cinema, alguns mais babados, outros demoraram pra encaixar, mas o desejo e a vontade de que aquele desse certo era maior. Era maior o desejo de se sentir amada, se sentir especial diante de um mundo tão cheio de gente, gente chata, desinteressante, e ela era uma, e não só mais uma. Ela achava. Realmente acredita que seria a uma, mas não, no final ela mesma se respondia que ela era mais uma, ou ele mais um na lista dela.
A diversidade rodou sua catraca, branco, negro, japonês, surfista, atleta, rato de academia, barrigudo, vagabundo, metido, playboy e o cara do eterno amor próprio, o confuso, o descontrolado, o malucão, o correto, o sensível, o Shrek, o, ah, o… tantos que ela não saberia relatar sua lista extensa de emoções. Mas foram poucos que tocaram o ponto de saber lidar com o sentimento. Ela, ela é uma garota que se transforma quando preciso for, é gatinha mas vira leoa quando mexe com ela ou com o que acha que é dela. É querida, mas pode ser uma puta falsa se suas amigas atacarem seu pescoço na frente dela. Ela sabe ponderar, mas também sabe perder a linha.
Ela apanhou, literal ou não literal, mas sofreu, viveu, deixou de viver, buscou e não encontrou. Busca ainda, ou talvez tenha desistido, essa garota sofre por ausência de presença. Não consegue lidar com a distância, mas também não entende muito esse lance de ficar muito perto. Tem que sentir saudades, mas ela pode se sentir carente. Nossa, difícil entender essa moça, ela não sabe ao certo o que quer, não é que ela não saiba o que quer, mas ela sabe o que não quer, um final de um amor não cagado. É só.
Ela quer poder acordar e mandar a mensagem sem se preocupar se ela vai ser melosa demais e ele vai entender que ela morre de amores, mas ela também quer poder tomar seu porre sem dar satisfação, ela quer poder tomar seu drink sem lembrar que precisa mandar 8 mensagens enquanto o garçom abastece seu copo e ela fuma seu cigarro, mas ela quer ser acariciada e dormir de conchinha. Ela quer poder ser verdadeira, ser real, não jogar, tirar a casca e o escudo, e ser ela, só ela, nua e crua como a verdade tem de ser. E não precisar medir, e ser aceita pela sua falta de medida diária, ou seu excesso de pondero.
E cadê aquele que vai entender essa medida tremenda do amor, que não se encontra no armário da cozinha como se mede o açúcar para a receita de bolo? Existe? Ahn, isso a moça não sabe, mas ela parece não cansar da busca inconstante do chinelo velho pro seu pé cansado. Mas também não tem pressa, até porque a vida tem tanta coisa para proporcionar enquanto se espera. Tem amigos, tem boate, tem vinho, tem noites de devaneios, tem noites de sono profundo, tem noites que viram dias, tem noites que ela dorme acordada e acorda dormindo, são tantas possibilidades de uma vida passar e uma hora a história se encaixar. Só não dá mais para seguir no caminho errado, dessa eterna busca do amor, o amor cagado.
Ana Albanez

xx Bruna Albuquerque


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